sexta-feira, 31 de outubro de 2008

... é sempre difícil começar

...é sempre difícil começar algo.
Ainda estou na fase da construção de espectativas sobre uma plataforma desta natureza. Vamos ver.`
É como quem espreita para além duma janela... Contudo vou lançar parte de uma Mensagem...

HORIZONTE

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos
Desvendadas a noite e a cerração
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
‘Splendia sobre as naus de iniciação.

Linha severa da longínqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com visíveis
Movimentos da esp’ rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.

MENSAGEM; 2ª parte - Mar Português; II – Horizonte (Fernando Pessoa)