sábado, 1 de janeiro de 2011

Não sei o que verdadeiramente me move

Não sei o que verdadeiramente me move... nem sei, ainda, se vou conseguir chegar lá.
Apenas sei que me cumpre a tarefa de resistir e insistir.
Resistir à dissolução e insistir na dissolução.
Resistir à frustração e insistir em testar os seus contornos.
Resistir ao desaparecimento e insistir em testar a ausência.
Resistir ao corte e insistir no corte.
Cortar para ver melhor…
Cortar para compreender… cortar para interpretar.
A realidade e o real não são a mesma coisa.
A primeira é uma condição e o segundo é um estado…
A primeira é um ambiente e o segundo é um sistema de materiais, relações e valores.
Se tudo parece realidade, nada parece, em definitivo, reter-nos no real.
E o virtual?...
Para Lèvy o virtual não se opõe ao real mas sim ao actual.
O virtual é simplesmente um processo de actualização em potência.
Uma força que nos retira do actual, do momento…
O virtual é a força que nos desenha a realidade. Real ou irreal.
O que é o irreal?
O irreal não existe?
Sim. Existe!
O irreal é o inverso do real. Se um existe também o seu inverso existe.
Existe mas é impossível… é 1/0!
Existe!
NADA DISTO INTERESSA!
MERDAS…
Escritos de nada feitos.
Coisas e trocadilhos de palavras vazios de profundidade. Apenas viagens de superfície.
O que verdadeiramente me interessa é perceber o que posso acrescentar ao que já sei.
Viajo sistematicamente deambulando entre encontros de circunstância.
Nada tem profundo significado.
São encontros e afastamentos sem razão de ser.
Tudo o que afirmo resulta de circunstâncias. Em pouco acredito.
Nada do que afirmo parece ancorar-se num conhecimento de facto.
Construo o meu caminho a partir de um comportamento de circunstância.
Nada me interessa sobre isto.
Tudo sou e nada consigo.
Encontro-me a pensar sem acutilância e sentido de orientação.
Luto contra o tempo.
Não tenho tempo porque não me concentro em nada em particular.
Concentro-me nas circunstâncias das ligações entre as coisas e não nas coisas.
Não me interessam os objectos. Interessam-me as relações entre os objectos.
Interessam-me as coisas para partir para outras coisas e para outras ainda…
NADA DISTO ME INTERESSA!
NADA DISTO TEM SENTIDO
Estou vazio e obrigado a simular um preenchimento de facto.
A verdade é que tenho um compromisso e é nisso que tenho que me concentrar.
A verdade é que sou obrigado a cumprir.
NADA DISTO ME INTERESSA NEM ME INTERESSA O QUE ME INTERESSA!
ESTOU VAZIO! SEM SENTIDO NEM ORIENTAÇÃO. ESTOU SÓ!
De que servem as angústias se a partir delas nada construirmos?
Estou vazio!...
Agora como em muitos outros momentos…
Hoje é dia 17 de Junho de 2010 e nada produzi…
Estou sem nada nem ninguém…
Estou à experiência neste corpo que me agasalha.

saturado

Qual é a ideia de pensar (ou pior, de dizer) que o esforço compensa e que o silêncio não perturba?
O silêncio essa coisa disfarçada de inocuidade, evidência e banalidade. FILHO DA PUTA! O silêncio descarna-nos até ao limite porque nos desafia a preenche-lo sem que para tal estejamos preparados... ( música ajuda...)

É tudo uma treta! Não só o esforço, na maior parte das vezes, não compensa, como o silêncio é das mais perturbadoras sensações. Tal como a transparência e outras coisas do género que nos estripam as entranhas e rebentam por dentro...

Não me levem a sério porque estou prestes a ir dormir.

Talvez não seja o lugar certo para isto mas não tinha lápis à mão nem o word aberto.