Na sequência de muitas transformações urbanas recentes Sola-Morales considera que “Estranheza e complicação confunde-se com a suposta complexidade urbana” ( p.146)
Sobre esse exercício cultural, que é a Arquitectura, Manuel Sola-Morales destaca algo essencial sobre a substância material do urbano que do seu ponto de vista interessa tratar. Assim, afirma que:
“A temporalidade está, sobretudo, nos muros e nos solos. Na cidade consolidada os muros falam com os solos. As suas texturas e diferenças matizam a uniformidade dos espaços e criam intercepção e conflito. Na relação solo-parede consegue-se a exibição e a ênfase. Atender aos muros como materiais do espaço urbano é reconhecer o protagonismo indiscutível dos pisos térreos, ali onde se produz a dissolução do limite privado-público, a diversidade espacial das circulações, os modos em que se interpenetram interior e exterior, em portais, aparcamentos, terraços, comércios, etc.
A urbanidade resulta da articulação de coisas urbanas, que não depende das funções ou de actividades, mas antes da matéria de muros e esquinas, em desníveis e fachadas, em vias, calçadas, janelas, portais e vitrinas, em rampas e semáforos, em alinhamentos e recuados, em gálibos e voladizos, em silhuetas e anúncios, em plataformas e vazios, huecos e descampados. Não como os detalhes do townscape, mas como matéria contínua do espaço construído.” (p.147) (SOLA-MORALES, 2005)
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