Monge define Geometria Descritiva como “(…) «… a arte de representar sobre o papel de desenho, apenas com duas dimensões, os objectos que têm três, e são susceptíveis duma definição rigorosa…»; assim, enquanto a grande preocupação renascentista consistia justamente em romper a bidimensionalidade, introduzindo a ilusão da terceira dimensão, Monge procura reduzir de novo todas as formas, por decomposição geométrica, a duas dimensões.
A substituição da perspectiva, que mostra, pela descritiva, que analisa, tornará esta, e ainda nas suas palavras, numa «… espécie de linguagem necessária a todos os artistas…» permitindo a unificação dos programas teóricos e estabelecendo, pela primeira vez, a distinção entre projectos de concepção e de execução; trata-se de uma dicotomia que, separando o que o renascimento associara, tendia a acentuar a ruptura entre noções de beleza e de uso, opondo à imagem pictórica, interpretação global e equivoca da realidade, a imagem gráfica, com mensagem claramente unívoca; assim, se criavam também condições para a reprodução de projectos conceptuais então considerados exemplares, na tratadística que entretanto se ia difundindo na Europa.” (Ferrão, p. 78)
1 comentário:
Esconder para tornar visível, ou melhor, reconhecível… apelar à abstracção como ponto de referência para a elaboração do imaginário.
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