quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cores


CORES

Sorvi uma réstia de Sol cálida e dormente
E senti um desejo de violar o intransponível
E perceber o inexplicável.
Entrar num mutismo apenas contemplativo
Exorcizar o preto, o cinza, até o branco.
O frio polar do branco.
Pintá-lo de magenta, de laranja, de amarelo
Mas calar a transparência da cor e o vazio do sentido.
Possuir-me pelo vento. Esse vento que refresca
Que inunda, que destrói… Mas que intervém!
Que muda o arrumado, e propõe tratados de mudança.
Emergentes. Declarativos. Inconformados.
Como se o silêncio que nos acomoda, se transformasse em ruídos de protesto
E de um extravasar de sorrisos detidos, mas fortes e urgentes.
É urgente amar
É urgente esse barco no mar
É urgente esse flutuar mas com sentido
É preciso gritar, cantar, ser louco
Sobreviver
É urgente não calar
E mostrar no desencanto
O poder de se estar vivo.

MARIA MOURA, maio de 2012

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