CORES
Sorvi uma réstia de Sol
cálida e dormente
E senti um desejo de
violar o intransponível
E perceber o inexplicável.
Entrar num mutismo apenas
contemplativo
Exorcizar o preto, o
cinza, até o branco.
O frio polar do branco.
Pintá-lo de magenta, de
laranja, de amarelo
Mas calar a transparência
da cor e o vazio do sentido.
Possuir-me pelo vento. Esse
vento que refresca
Que inunda, que destrói…
Mas que intervém!
Que muda o arrumado, e
propõe tratados de mudança.
Emergentes. Declarativos.
Inconformados.
Como se o silêncio que
nos acomoda, se transformasse em ruídos de protesto
E de um extravasar de
sorrisos detidos, mas fortes e urgentes.
É urgente amar
É urgente esse barco no
mar
É urgente esse flutuar
mas com sentido
É preciso gritar, cantar,
ser louco
Sobreviver
É urgente não calar
E mostrar no desencanto
O poder de se estar vivo.
MARIA MOURA, maio de 2012
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