De um modo genérico pode afirmar-se que, no território da cidade
contemporânea, os sistemas formais e de relação, físicos, correspondem
dominantemente a fenómenos pontuais e fragmentários, enquanto que as leituras e
os sistemas de estruturação e conexão, globais, tendem a ser predominantemente
imateriais, isto é, não físicos. Talvez estes últimos com uma condição virtual
que, no âmbito desta explanação, se confrontam com o sentido do real. Nestes
termos, se a disciplina da Arquitectura trabalha sobre a materialização das
formas de organização do espaço deve aceitar-se que a sua condição de acção
transformadora só pode ser fragmentária, reservando-se, assim, as necessárias
envolvências, perspectivas e compreensões globais para domínios do pensamento e
entendimento imateriais, não físicos.
Mas,se esta é a condição de saída para o pensamento e para o exercício
disciplinar da Arquitectura sobre a Cidade, como é que se tratam aspectos
também do seu domínio como: os sentidos de conjunto; os critérios de
legibilidade e identidade, urbanas; as relações entre a regra e a excepção; a
materialização do espaço público ou colectivo, etc.? Qual passa a ser, se é que
existe ou interessa, a organização formal e física dos lugares urbanos enquanto
entidades e identidades socio-culturais, como componentes essenciais no domínio
do património civilizacional?
A verdade é que, o virtual é um domínio com uma elevadíssima capacidade de
actualização porque não arrasta, necessariamente, consigo a territorialidade e
inércia das realidades físicas, bem como os artefactos culturais radicados nas
experiências seculares do saber acumulado pelo homem. Para além disso o virtual
está também associado à sofisticação dos meios de simulação de determinados
contextos, reais ou mesmo e mesmo e também virtuais, isto é, tende a resolver
os seus níveis de eficácia no domínio do não físico. Contudo, é também um facto
que, se não se reconhece ao real a capacidade de arrastar e liderar o sentido
de percurso do virtual, este, também não parece revestir-se sempre de uma
condição credível para liderar o sentido da transformação do real.
Em síntese, face a um território urbano alargado e multiforme, os
Urbanistas, os Geógrafos, os Economistas Urbanos, os Sociólogos, os
Arquitectos, os Planeadores procuram construir novos espaços de entendimento e
trabalho, novos paradigmas, que permitam tratar e prever como devem ser os
“palcos” públicos e as representações urbanas e culturais dos actuais e futuros
modos de vida socio-culturais e político-económicos.
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